17/03/2010

Pulseirinhas do sexo

Acessório usado por adolescentes pode propor até jogos de sexo
Gustavo Pinheiro (para o Jornal Opinião)

Adão, Dayana e Daniel: jovens aderiram à moda europeia, mas dizem não seguir as 'regras do jogo'

A moda surgiu na Inglaterra e ganhou o mundo, chegando recentemente a Caeté. Jovens de várias idades saem pelas ruas e vão para a escola com os braços repletos de pulseiras coloridas de silicone. Até aí não há nenhum problema em ver meninas e meninos aderindo a mais uma modinha. O detalhe é que o uso dessas pulseiras propõe um jogo entre os adolescentes, havendo até regras a serem cumpridas. O jovem que conseguir arrebentar a pulseira recebe uma espécie de recompensa que vai do abraço até a relação uma sexual.

Não há como precisar quem definiu que cada cor possue um significado específico, já que na internet há centenas de sites “explicando” para que servem as pulseirinhas, nem há como afirmar se essas conotações são realmente verdadeiras. Fato é que os jovens aderiram à nova moda e, alguns, se mostram despreocupados com os “apelidos” dados aos acessórios, opinião compartilhada pelos adolescentes Adão Alvarenga, Daniel Fonseca e Dayana Ribeiro, todos com 16 anos. Eles usam as pulseirinhas cerca de quatro meses.
Mas até que ponto seguir essas tendências chega a ser um problema para as crianças e para os adolescentes, já que as cores das pulseiras têm conotações relacionadas à sexualidade?

Para o psicólogo Cristiano Gomes, seguir a tendência de usar as pulseiras para finalidades de exploração sexual não parece ser a melhor forma de experienciar a sexualidade, por parte das crianças. “Por outro lado, quando as crianças usam as pulseiras sem a atribuição do significado original da Inglaterra, então não há porque proibir o seu uso”, afirma ele que é doutor em educação e professor na Universidade Federal de Minas Gerais.

Essa nova moda abre espaço para a discussão sobre sexo entre pais e filhos, algo que não exclui as escolas da questão. “Talvez a pulseira nem seja o problema, mas a solução para os pais conversarem sobre sexo com os filhos”, diz a estudante Dayana. “Há pais que descobrem o significado e já proíbem o filho de usar, mas esse não é o melhor caminho. É preciso ter mais discussão”, observa Daniel. Para o professor da UFMG, os pais devem aproveitar o momento para dialogar com os seus filhos. “Os pais têm o papel de educar, nos mais diferentes temas da vida. A sexualidade é um desses temas. Cuidar para que os filhos tenham experiências saudáveis e significativas é papel dos pais”.

“Acho que eles estão se preocupando muito com a pulseira e deixando de preocupar com outras coisas. A pulseira não leva ao comportamento errado do aluno”, fala Dayana. “Os pais devem observar quais são suas concepções e crenças sobre sexualidade e estar atentos ao fato de que nossa sociedade, de uma maneira geral, não lida de forma positiva com a sexualidade. Educar as pessoas sobre a sexualidade humana tem sido um grande desafio”, completa o psicólogo. “Antes de tudo, isso é apenas uma modinha. Uma hora a gente para de usar. Não há motivos para proibir”, finaliza Adão.

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