Gustavo Pinheiro
Apresentado pelo poder público em 2003 como uma promessa para tentar dinamizar a economia de Caeté, o Distrito Industrial ainda está longe de ser um fator diferencial na reabilitação econômica da cidade. Dez anos após a criação do espaço produtivo, a área que deveria receber diversos empreendimentos, especialmente para suprir a demanda local por empregos e contribuir com impostos à administração municipal, parece estar indisponível à inovação e à tecnologia. Isso ocorre ao mesmo tempo em que muitos caeteenses não encontram oportunidades de trabalho na cidade e precisam se deslocar dentro da Grande Belo Horizonte, muitas vezes em situação precária, em busca de emprego.
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Distrito Industrial de Caeté, criado há dez anos, está longe de ser um fator diferencial na economia da cidade (Foto: Gustavo Pinheiro) |
Nos últimos anos, durante a gestão de Ademir Carvalho, prefeito que encerrou seu mandato no ano passado, o poder público deu início a uma política de doar terrenos à iniciativa privada, acreditando que o simples fato de transmitir gratuitamente a posse da área, sem favorecer o local com alguma infraestrutura, seria o suficiente para atrair indústrias. “O município disponibiliza apenas a área, tendo o empresário a responsabilidade pela infraestrutura e investimentos de implantação”, afirmou Fernando Silva, então secretário municipal de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, em 2011. As diretrizes apontadas por Ademir, que praticamente esquivam a Prefeitura de gastar recursos no local, não serão modificadas por Zezé Oliveira, conforme sinalizou o próprio governo.
Sem diretrizes claras
Com a conivência da Câmara Municipal, pelo menos quatro empresas ganharam lotes no Distrito Industrial de Caeté, entretanto apenas uma deu início às operações. Ao receber da Prefeitura o terreno, os empreendedores se comprometeram a cumprir uma série de formalidades, entre elas garantir o início dos trabalhos em prazo determinado e oferecer número mínimo de empregos, sob pena de o lote voltar a pertencer ao município em caso de descumprimento. Informalmente, alguns empresários dizem que não estão conseguindo cumprir o acordo.
A Prefeitura garante que irá fiscalizar todo o processo de doação de terrenos. Segundo o governo municipal, as empresas que não cumprirem as diretrizes terão de devolver a área ao município. O poder público não informa, no entanto, o que está fazendo para garantir o cumprimento dos contratos, nem sabe dizer quantos postos de trabalho o polo gera a Caeté. “Estamos analisando a melhor maneira para que o Distrito Industrial seja bom para todos os munícipes”, resumiu a Prefeitura, que vem dando passos lentos quando o assunto é desenvolvimento econômico.
Planejamento é fundamental, avalia economista
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Economista avalia que distrito pode virar 'elefante branco' (Foto: Revista De Fato) |
Para Frederico, o poder público deve trabalhar em conjunto com o setor privado, e uma das alternativas apontadas por ele para a Prefeitura de Caeté é a efetivação de parceria com a Aciac. “É preciso fomentar a compra local, evitando a perda de consumo para Belo Horizonte, estimular a pequena empresa, capacitar novos empreendedores, fazer um programa de compras públicas municipais e trazer o ‘sistema S’ (Sebrae, Senai, Sesc etc.) para apoiar os projetos”, sugere. “Mas precisa de alguém com boa formação à frente deste projeto, que tenha bom trânsito com os empresários locais e que seja da área.”
Como Caeté gostaria de estar em 30 anos?
Dependente quase que exclusivamente de repasses constitucionais, conforme declarou o prefeito Zezé Oliveira logo após tomar posse, em janeiro, Caeté se vê diante da possível autorização de funcionamento do projeto Apolo, da Vale, o que promete mudar para melhor a situação financeira da Prefeitura. Segundo o economista, o recurso adicional proveniente da mineração tem que ser parcialmente utilizado para criar novas alternativas para a cidade.
“Uma cidade atualmente é como uma empresa, não consegue ser boa em tudo que faz, precisa se especializar e focar suas atenções em áreas e setores onde possuem vantagens competitivas. Este é o desafio para Caeté: como ela gostaria de ser daqui a 30 anos e o que precisa ser feito para chegar lá? E como não se perder ao longo de várias mudanças políticas que acontecerão até lá.”
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