09/08/2010

Jeito peculiar de vestir

Figurinos inusitados revelam personalidade das pessoas
Gustavo Pinheiro (para o Jornal Opinião)


As tendências da moda estão aí para serem seguidas ou não pelas pessoas. Chega a ser muito comum em nossa sociedade seguir o que é ditado pelas mídias de massa, como usar roupas, acessórios e penteados dos personagens de novela ou das modelos de revistas, além de tentar “imitar” os ídolos da música. Mas há pessoas - e muitas - que fogem a essa regra. São avessas aos típicos costumes e, ao invés de seguir a moda, lançam moda. Imagine sair na rua e se deparar com alguém no estilo Amy Winehouse ou se encontrar no shopping com uma sósia da excêntrica Lady Gaga. Nem precisa imaginar porque, atualmente, não é mais difícil deparar com gente assim.

Já houve pessoas que até fizeram piada sobre seu estilo, mas Carol Chaves se importa mesmo em usar o que gosta. Roupas diferentes das usadas pela maioria, várias cores no cabelo e um comportamento bem autêntico. “Quando eu tinha cabelo rosa, por exemplo, as pessoas me paravam na rua. Coloquei piercing em 1994, e era uma coisa muito incomum. Hoje, você vê senhoras de sessenta anos com piercing no nariz. As pessoas já estão se acostumando, apesar do preconceito de antes. Já sofri preconceito por causa da roupa, do cabelo. Não é todo mundo que aceita, mas nunca dei atenção a isso”, relata Carol.





Carol Chaves: “Quando você trabalha em criação, as pessoas já esperam que você se vista de forma diferente. Sempre gostei do diferente, de não ficar no lugar-comum”







“Eu sou o tipo de pessoa que nunca tive vergonha de ousar. Tem muita gente que não ousa muito porque acha que as pessoas vão reparar demais. Eu nunca liguei muito para isso. Chamar a atenção não me incomoda nem um pouco. Eu já tive cabelo roxo, laranja, verde, azul, branco, cor-de-rosa choque, mas isso na década de 1990. Eu digo que ao invés de seguir tendências, eu as lanço”, conta Chaves, que também se envolve na criação de festas e se arrisca na gastronomia.

Na opinião dela, que já cursou Belas Artes, o que importa mesmo é usar o que se gosta, do jeito que se gosta, da maneira que achar melhor e que combine com a personalidade da pessoa, porque, segundo ela, estamos numa época mais permissiva no que se refere ao assunto. “É uma liberdade em que as pessoas podem se vestir da forma como entendem.”
Mayumi Okawara, 18 anos, espera ansiosa para saber se passou no vestibular para Design de Moda. Por querer atuar nessa área, já era mais que esperado Mayumi ter um estilo diferenciado da maioria das pessoas. A família da moça aprova a ideia. “Minha família não é muito tradicional. Nós já conhecíamos coisas diferentes, eu tenho familiares em São Paulo e lá tem todo tipo de gente e as referências vêm daí, da música”, diz.

A jovem não tem um estilo específico, mas essa referência cosmopolita de São Paulo se une ao Scene Kids, jeito muito criativo e alternativo de se vestir, sempre colorido e extravagante, e pelo J Rock, influência japonesa parecida. “Tem gente que acha que sou “emo”, só por causa do cabelo colorido, da franja, mas isso é totalmente errado”, defende-se. Sobre possíveis preconceitos, Mayumi diz não ter passado por nenhum, exceto pelos olhares diferentes de alguns.





Mayumi Okawara: Culturas inglesa e japonesa estão entre as influências para seu estilo de vida








“Nunca tive problemas com discriminação, mas vejo, percebo aqueles olhares feios, porque as pessoas não conhecem aquele estilo. Gosto disso e pretendo continuar, sobretudo porque pretendo ser estilista. Pra mim, tudo isso é normal”, completa.

Observando as tendências ou não, é necessário que qualquer pessoa esteja atenta ao que ela vai vestir para sair por aí. “É preciso olhar-se no espelho e ver se está bom, além de observar se aquilo é condizente com o tipo de vida que a pessoa leva, por exemplo, se ela é casada, sua profissão, enfim, tudo influi na forma como ela vai se vestir. Tudo pode, desde que a pessoa tenha um bom senso, que o figurino fique interessante e que combine com a personalidade da pessoa”, adverte Carol Chaves.

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